31 dezembro, 2010

A última "piada" de 2010

2010 se foi, virou estatística, C'est fini (ou Zéfini).

Mas o PAÍS DA PIADA PRONTA não podia deixar de contar a sua última anedota.

Contaram em duas partes, à boca-miúda, sem alarido e como dizia o Roberto Carlos antes de entrar na fase decadente de "fins de ano na globo":

- Muita gente não ouviu por que não quis ouvir, eles estão surdos!

A primeira parte mal saiu nos jornais e já provocava riso.



Deputados aprovam reajuste a mais de 30 mil servidores federais



De 18 deputados gaúchos, dois votaram contra o reajuste de 61,83% (Luciana Genro (PSOL) e Paulo Pimenta (PT))





Já está rindo? calma, a piada não acabou

Como diria um ex-presidente:

- Nunca antes na história deste País o congresso foi tão sorrateiro, imoral, desprezível ágil na aprovação de uma pauta no plenário.

O Projeto de Decreto Legislativo (PDC 3036/2010) foi apresentado no dia 15/12/2010 e ainda neste dia, nossos nobres parlamentares fizeram um requerimento de tramitação em (não vá rir) REGIME DE URGÊNCIA URGENTÍSSIMA, não estou inventando, clique aqui e leia o texto original do REQ - 7075/2010.

Eu poderia descrever cada uma das 22 tramitações que ocorreram APENAS no dia 15/12/2010 sobre esta aprovação.

Sim, 22 tramitações em UM ÚNICO DIA que culminou com a aprovação (óbvio), podem procurar, qualquer outra votação no plenário (que não seja em benefício próprio dos políticos) que tenha mais de 5 tramitações em um dia, é um desafio.

Em geral, cada passo de uma tramitação demora de 20 dias a 6 meses no congresso.

Ahhh! Esqueci do REGIME DE URGÊNCIA URGENTÍSSIMA, claro.

Não fosse suficiente essa "São Silvestre" para aprovar a medida, em incríveis 5 dias ela já estava publicada no Diário Oficial da União.

Partes que interessam:

20/12/2010
Faço saber que o Congresso Nacional aprovou, e eu, José Sarney (Ali Babá?), Presidente do Senado Federal, ....blablabla.... promulgo o seguinte:


DECRETO LEGISLATIVO
Nº 805, DE 2010

O Congresso Nacional (ahhh! achei os 40 LADRÕES) decreta:
Art. 1º O subsídio mensal dos membros do Congresso Nacional, do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, referido nos incisos VII e VIII do art. 49 da Constituição Federal é fixado em R$ 26.723,13 (vinte e seis mil, setecentos e vinte e três reais e treze centavos).

E eles recebem QUINZE SALÁRIOS por ano.



Agora você deve estar gargalhando com a piada? Espera, não acabou, foi só o fim da primeira parte.



Aos 48 minutos do segundo tempo, no dia 30/12/2010, ele, nosso PRESIDENTE ainda em exercício do cargo, fecha o seu mandato com chave de ouro.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, em seu último ato, assina uma Medida Provisória que FIXA O VALOR DO SALÁRIO MÍNIMO EM R$ 540,00 PARA 2011 e assim finalizar a piada.









...pausa para rir....









Se você for o bobo da turma e quiser contar essa piada no final do churrasco, ou melhor ainda, no meio do reveillon, aí vão algumas dicas para incrementá-la.

Por ano um político ganha, só de salário, mais de 390mil reais, "trabalhando" cerca de 100 dias (pouco mais de 3 meses).

Por ano, um assalariado comum ganha, só de salário, menos de 7 mil reais, trabalhando cerca de 345 dias por ano, por que tem que vender 10 dias de férias para pegar uma "grana extra".




Segundo a wikipédia a definição de piada ou anedota é essa:
É uma breve história, de final engraçado e às vezes surpreendente, cujo objetivo é provocar risos ou gargalhadas em quem a ouve ou lê.

Agora tente fazer isso tudo ficar engraçado?


eu vou tentar:

Sabe o que seria 10mil Políticos no Fundo do Mar dia 31/12/2010?


Resposta: Seria um FELIZ 2011.




Eu sei, sou um péssimo humorista...


Brasil, um País de TOLOS.



30 dezembro, 2010

Gaste MEIO MILHÃO e ganhe R$ 2.500,00






Se você possui um Cartão Hipercard (como se alguém não tivesse um), provavelmente já ouviu falar ou fez uso do incrível programa de benefícios denominado Bomclube.

O cartão, da gigante Walmart, tem como objetivo simples fidelizar os clientes dos mercados, supermercados e hipermercados da marca.

E como fazer isso?
Fácil! a cada R$ 1,00 gasto com compras nos estabelecimentos credenciados, você acumula 1 ponto de fidelidade, que poderá no futuro trocar por produtos, benefícios e, veja você, dinheiro (na forma de desconto nas compras).

QUE BELEZA! você pensa.

Só esqueceram de dizer que cada ponto vale em média DOIS CENTAVOS na troca, além disso, quanto MAIS você gasta, MENOS você ganha.

Podemos entender melhor verificando a tabela de conversão.

1700 pontos (ou seja, R$1.700,00 em compras), lhe dão um "bônus" de R$ 5,00 em futuras compras, aproximadamente 3 CENTAVOS por ponto.

Agora, se você (puder) gastar R$ 500.000,000 (sim, quinhentos mil reais em compras), você pode pagar apenas R$ 497.500,000 já que você ganharia "inteiramente grátis" R$ 2.500,00 reais em desconto devido a sua generosa compra. Nesse caso, seus pontos valem a fortuna de 2 CENTAVOS cada.


Infelizmente, o Bomclube está terminando e não poderei chegar aos 500 mil pontos.

Então, se você tem pontos, troque-os logo, ou faça como eu e minha esposa, junte todos os cartões Bomclube que puder, quebre-os e venda como plástico, que está custando aproximadamente R$ 1,00/kg. Com apenas 500g de plástico você vai ganhar 50 centavos.

Só como comparação, você teria que gastar 166 reais no Walmart pra ganhar OS MESMOS 50 CENTAVOS.

Não me surpreende que o Walmart tenha alcançado os 408 BILHÕES DE DÓLARES de faturamento em 2009.

Já vai tarde Bomclube.

Ainda em tempo, o cartão do Bourbon te dá 20% de desconto no ingresso dos Cinemas instalados em suas lojas (Arcoíris Cinemas e Unibanco Arteplex), aproveite.



PS: (não, eu não ganho nada da Cia Zaffari para fazer merchan, só gosto de mostrar como o dito "popular" geralmente não passa de ilusão se você pensar no custo x benefício)

17 maio, 2010

Programa do PT compara Dilma a Michael Jackson


Dilma acha que nunca na história de nosso país a cirurgia plástica teve resultados tão extraordinários

No programa eleitoral do Partido dos Trabalhadores exibido ontem à noite, Lula comparou a história de Dilma à de Nelson Mandela. Segundo o marqueteiro do PT, João Santana, a decisão faz parte de uma estratégia para ligar a candidata a vultos da história “com quem ela tem semelhanças inequívocas”. Em programa a ser exibido no mês da consciência negra, Dilma começará o seu discurso com as palavras “Eu tenho um sonho”. Santana lembra que a petista foi uma das primeiras pessoas no Brasil a apoiar Martin Luther King, mas não quis confirmar se a famosa expressão usada pelo líder negro nas escadarias de Washington foi sugerida por Rousseff.

Na viagem que fará esta semana a Nova Iorque, Dilma será levada ao Empire State Building, onde terá a oportunidade de manifestar a sua admiração pela cidade. “De cima desse arranha-céu, Meirelles, um século de especulação financeira nos contempla”, dirá a seu colega do Banco Central. Santana apressou-se em negar que Dilma tenha parentesco com Napoleão e explicou “que a semelhança, no caso, é de tamanho e vocação imperial”. Além disso, por causa de uma baldeação aérea, Dilma já passou quase três horas na Córsega, “o que sempre deixa marcas.”

Parafraseando a frase famosa de John Kennedy na Berlim sitiada pelos soviéticos, Dilma proclamará em Porto Alegre que “Ich bin eine Gauchin!”; em Belo Horizonte, que “Ich bin eine Mineira!”; no nordeste, que “Ich bin eine Nordestinien!” e em todo o Brasil que “Ich bin eine Lula!” (Pouca gente sabe mas foi uma jovem Dilma de férias nos EUA quem alertou a polícia de Dallas sobre o rapaz solitário que saíra correndo do depósito de livros.)

O ponto alto da campanha será mostrar ao Brasil como a trajetória de Dilma Rousseff se assemelha a de Michael Jackson. Uma sucessão de fotos da candidata ao longo dos últimos anos será comparada à transformação fisionômica do ídolo pop, numa demonstração contundente de que os dois, com o tempo, iriam virar a mesma pessoa. Em entrevista a Márcia Goldschmidt, Dilma, estóica, confessou que as operações costumam lhe provocar "sangue, suor e lágrimas", mas ela aguenta.

No front de ataque, especialistas apontaram que Santana começou a usar técnicas subliminares contra o candidato da oposição. No programa de ontem, quando o locutor mencionou que os tucanos governavam para os ricos, pôde-se ouvir, ao fundo, a música “Fight the Power”, usada em “Faça a coisa certa” de Sipke Lee. Tião Macalé também foi homenageado. Toda vez que a palavra “tucanos” era pronunciada pelo narrador, ouvia-se um “nojeeento” quase imperceptível.



16 maio, 2010

Robéli e os 40 ladrões





Texto da edição 43 da Revista Piauí.



"Aí foi um erro. Dita a impiedade, eles pisaram fundo e partiram. Ouviu-se a arrancada, e então uma freada brusca, e então uma batida esplêndida. São Jorge cravara sua espada. O carro ficou empinado na beira do rio, e os assaltantes não se espatifaram por pura misericórdia divina."



Depois de quarenta assaltos, o casal Tesch acha que só tem uma coisa a fazer: esperar o próximo. Quando abriram o supermercado em Mariópolis, há sete anos, e o batizaram de Robéli - união de Roberto e Eliana -, não podiam imaginar até que ponto acertavam na mosca. Mariópolis, um pequeno bairro à beira do Rio Pavuna, entre o Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense, não era lá uma Suíça, mas até que parecia calmo. Eliana havia aposentado a voz de cantora - chegara a gravar discos de mpb na Europa e no Japão - e Roberto, um ex-vendedor de biscoitos, decidira virar patrão de si mesmo. Os dois matutaram um pouco e chegaram à conclusão de que um supermercadinho era uma boa coisa. 



Só faltou combinar com o poder público. Nos primeiros 39 assaltos, as forças da lei ou não apareceram ou chegaram tarde demais. Somente no quadragésimo roubo foi possível prender um bandido, se bem que boa parte do mérito não coube à valorosa polícia mariopolense, mas aos métodos de combate ao crime postos em prática por um desalentado Roberto. Métodos para lá de subjetivos, diga-se, consistindo, basicamente, num sujeito contratado para desconfiar de pessoas com cara de meliante em potencial. O espião fica andando de lá para cá, ajuda a ensacar a compra de um, pergunta as horas a outro, finge comparar preços de geléia de mocotó e, nesse ínterim, mantém o olho vigilante na clientela. 

Foi assim que, pela primeira vez na história de Mariópolis, capturou-se um assaltante do Robéli. O olheiro avisou ao patrão que três jovens suspeitíssimos acabavam de sair de um carro. Roberto pegou o celular, foi para o outro lado da rua e ficou à espreita. Dito e feito: era assalto. Discreto, ligou para a esposa e pediu-lhe que chamasse a polícia. Eliana, por sorte, estava logo ali, no fim da Rua Itajobi, a escassos 500 metros do supermercado, justamente ao lado do trailer da Polícia Militar - trailer este que fora plantado no local dois anos antes e que até então conseguira ser tão eficiente quanto uma carrocinha de pipoca. 

Desta vez seria diferente. Os policiais saíram com sanha de justiça, e em pouco tempo tiros de fuzil e pistola explodiram nas paredes e vidraças do Robéli, levando clientes e funcionários a se jogarem atrás de frutas e legumes. Dois bandidos conseguiram fugir - a pé. O terceiro, um pouco mais atrapalhado, foi preso. Raras vezes o povo gostou tanto de um tiroteio. Foi como se os repolhos e nabos varados de bala atestassem que o Estado finalmente dera as caras naquele pedaço de mundo. Até aquela data, os Tesch só haviam contado consigo mesmos, o que não era grande coisa, dada a obsessão dos fora-da-lei. Um ex-segurança deles, por exemplo, fora o primeiro a ser rendido durante um assalto. Tentaram um sistema de câmeras de vigilância, mas enjoaram de colecionar filmes de ação em que eram sempre os protagonistas.

Uma vez, um assaltante foi lá pegar carne para o churrasco do chefe do tráfico. Bom funcionário, apresentou-se com jeito: "Quero carne de primeira para o aniversário do patrão." Obteve-a - e partiu feliz da vida, esquecido de roubar também a fita de segurança. Um mês depois, deve ter acordado em sobressalto, pois foi quando voltou ao Robéli para ver se ainda dava tempo de apagar os traços de sua ação criminosa. Dava, sim. A fita continuava intacta, longe de quaisquer anseios dos agentes da lei. Como o bandido já estava ali mesmo, e não tinha nada melhor para fazer, aproveitou para assaltar a casa uma segunda vez. Fez até uma refém, ocorrência prontamente comunicada aos policiais, que reagiram com um bocejo metafórico. O desaforado levou as fitas, as câmeras, o dinheiro e, de lambuja, uma sacola cheia de camisinhas que um cliente acabara de comprar. A pm só chegou a tempo de ouvir a chacota dos cidadãos.

Em outra oportunidade, um cliente e amigo do casal, horas depois de presenciar um assalto, desconfiou que identificara o assaltante num bairro vizinho. O larápio, muito sossegado, gastava parte do butim num fliperama. O amigo voltou ao supermercado, conferiu a gravação e não teve dúvida: não haveria no mundo um segundo par de orelhas como aquele. A polícia, avisada, informou educadamente que não podia ir à favela "por falta de equipamentos". O próprio Roberto chamou então um amigo policial e saíram juntos à cata do suspeito, que acabou admitindo o crime. A mãe do rapaz suplicou que não levassem o filho preso, prometeu que o mandaria para outro estado, insistiu, implorou... O casal, pais de um garoto da mesma idade, deixou pra lá. Um bandido a mais, um bandido a menos, àquela altura já não fazia diferença.

Nos últimos tempos, Roberto e Eliane vêm experimentando uma nova tática: entregar a Deus. Eliana anda investigando algumas religiões para descobrir qual delas lhes oferece maior proteção. Dia desses, deu uma ótima pontuação a São Jorge. Ela chegava ao supermercado quando dois homens quiseram levar seu carro. Num rasgo de desespero, sem nunca ter sido devota, resolveu invocar o santo guerreiro:

- Não façam isso, eu sou de São Jorge!

- São Jorge que se foda! - responderam os bandidos.

Aí foi um erro. Dita a impiedade, eles pisaram fundo e partiram. Ouviu-se a arrancada, e então uma freada brusca, e então uma batida esplêndida. São Jorge cravara sua espada. O carro ficou empinado na beira do rio, e os assaltantes não se espatifaram por pura misericórdia divina. De lá para cá, vem se fortalecendo a crença de que só São Jorge fala curto e grosso com a bandidagem do Robéli.

21 abril, 2010

Pesquisas Eleitorais - Como Funcionam?



"Agora você sabe que Pesquisador do IBOPE é igual ao dinheiro do Paulo Maluf, todos sabem que existe, mas ninguém nunca viu."



Você já deve ter se perguntado, porque eu nunca fui entrevistado? porque eu não conheço nenhum entrevistado? porque ninguém que eu conheço, conhece alguém que foi entrevistado?

A resposta é simples:
AMOSTRAGEM

Mas vou além neste post, não vou apenas demonstrar que estatisticamente você tem tanta chance de ser entrevistado quanto o Rubens Barrichello de ganhar o campeonato ou o Ronaldo de perder 10kg, mas tentar entender como funcionam e como são utilizadas essas pesquisas. E como lembrou o Anônimo (eu sei que é tu Zé) no comentário do Post anterior - 2010 é ano eleitoral dos mais importantes -, vou focar nas pesquisas eleitorais, mas boa parte serve para qualquer tipo de pesquisa, de audiência na TV até produtos comerciais.

Falando em "tipo de pesquisa", existem dois tipos básicos de pesquisa: as QUALITATIVAS e as QUANTITATIVAS, o nome ajuda um pouco a esclarecer, "qualidade" e "quantidade" respectivamente.

Definindo e Resumindo
Uma pesquisa qualitativa busca informações subjetivas, como em um bate-papo, tenta avaliar as intenções, crenças, motivações e atitudes de um indivíduo ou grupo. Mas isso sem fornecer dados que possam influenciar na resposta. Um exemplo. Se o pesquisador pergunta:

- Em quem você pretende votar nas eleições 2010?
e você responde:

Subentende-se que você está insatisfeito com a política do país ou não conhece nenhum candidato "padrão".

Diferente das pesquisa quantitativas, em que as perguntas são feitas dentro de um questionário fixo, com as opções de resposta.
Em uma pesquisa quantitativa, nossa pergunta fica assim:

- Se as eleições fossem hoje, e os candidatos fossem estes, em quem você votaria?
você responde:

Pronto, uma resposta consciente e explícita que expressa diretamente seu "desejo de voto".

Geralmente, utilizam-se qualitativas quando o objetivo é coletar dados para a criação ou modificação de um projeto ou estratégia de marketing. Enquanto as quantitativas são usadas em geral para geração de um "ranking" de classificação entre as opções oferecidas.

Uma curiosidade interessante:
Em suas pesquisas eleitorais, o grupo IBOPE utiliza um "disco de opções", os candidatos estão distibuídos em um círculo de papel, que é entregue ao entrevistado. Segundo eles, se fosse apresentado em uma lista comum, isso implicaria em uma ordem de candidatos, mesmo que alfabética, podendo influenciar as respostas.

A AMOSTRAGEM
Institutos como o IBOPE, o DATAFOLHA e o VOX POPULI, para citar os mais famosos, costumam entrevistar pouco mais de 1000 pessoas a cada solicitação de pesquisa.
Em um país com aproximadamente 125 milhões de eleitores aptos (segundo estatísticas do TSE em 2006 - aqui), são entrevistados menos de 0,00085% da população em idade eleitoral, menos que um milésimo de um por cento.

Agora você sabe que Pesquisador do IBOPE é igual ao dinheiro do Paulo Maluf, todos sabem que existe, mas ninguém nunca viu.

Além do número de entrevistados, também são escolhidos o tipo de entrevistados. 

Por exemplo: se em uma cidade, o censo declarou que há 8 mulheres para cada 5 homens, a pesquisa abordará mais mulherese, na mesma proporção. Se em outro município, a classe predominante é a C, mais pessoas dessas classes serão entrevistadas, em detrimento de outras. E assim com outros dados, como faixa etária, escolaridade, distribuição geográfica e etc. Assim, baseados nos dados do último censo do IBGE, as empresas de pesquisa de opinião avaliam qual a melhor forma de representar na amostra, a opinião de uma cidade ou estado.

Mas isso nem sempre foi assim, a história das pesquisas começa em um jornal na Pensilvânia/EUA, em 1824, com uma pequena pesquisa local para a eleição presidencial do ano. Em 1916 a empresa The Literary Digest, uma revista americana, fez uma pesquisa mais ousada, porém pouco criteriosa. Junto com a revista, era enviado uma espécie de "cartão-postal" onde os assinantes da revista escolhiam o candidato de sua preferência e devolviam ao Digest. Funcionou bem durante 4 eleições, mas em 1936 o método mostrou sua falha, em uma pesquisa com 2,3 milhões de assinantes, a revista errou feio no resultado da Eleição. Colocou Alf Landon como o candidato mais popular, muito a frente de Franklin D. Roosevelt.

No mesmo ano, George Gallup realizou uma pesquisa que pretendia exemplificar seu método diferente de aferir opiniões, e com apenas 5 mil pesquisas, mas de acordo com a "amostra geral" americana, previu a vitória esmagadora de Roosevelt que veio a acontecer.

A Literary Digest saiu do ramo das pesquisas e a Gallup é, ainda hoje, uma das maiores do ramo no mundo inteiro.

NO BRASIL
Por aqui, as pesquisas tem grande valor para as empresas e partidos políticos que sabem como utilizá-las, ou que contratam quem saiba. Marcos Coimbra e Duda Mendonça são dos que sabem. Em 1988 Coimbra foi procurado por Fernando Collor, que queria saber quais suas chances de ser Presidente da República. Ele fez um questionário com 100 temas e perguntas e o aplicou em grupos distintos. O que ele descobriu, ajudou a montar a "imagem pública" de Collor que o elegeria nas famosas diretas já.

Foi também com pesquisas como essa (em grupos, as qualitativas) que Paulo Maluf escolheu seu sucessor na prefeitura de São Paulo, Celso Pitta em 1996. Mas o "nome do santo" que operou esse milagre é outro, Duda Mendonça, marqueteiro das campanhas de Maluf.

Marcos Coimbra trabalhou na campanha do outro Fernando também, o FHC, em 1994, e desenvolveu um trabalho muito parecido com o do primeiro Fernando, perguntou ao povo o que ele queria, e o povo respondeu, um candidato foi "montado" à gosto e aceito em outubro.

Advinha quem trabalhou na campanha do Petista Luis Inácio em 2002? Duda Mendonça. Foi dele (através das pesquisas) a idéia de amansar nosso Companheiro Sindicalista Bravo e transformá-lo no "Lulinha Paz-e-Amor" que no início assustou, mas depois agradou e também se elegeu, duas vezes.

Essa dupla, Coimbra & Mendonça, daria até uma HQ ou Novela da Televisa, vem elegendo presidentes há duas décadas. Mas não se pode culpá-los, eles são, no mínimo, competentes naquilo que fazem. Não dizem que o cliente sempre tem razão? Pois então, eles tratam de entregar aquilo que o povo deseja. 

Nei Lisboa tem uma frase em uma canção - "Cada povo tem o novo que mereçe".

Se você assistiu no dia 3 de outubro de 2002 ao debate dos candidatos na Rede Globo, viu mais uma obra da "genialidade" de Duda Mendonça. Assim que iniciaram o programa no Rio de Janeiro, 7 "convidados" reuniram-se em uma sala em São Paulo para assistir ao debate, tudo bem, deve ser um grupo de amigos, certo? não, eles não se conheciam previamente e só foram orientados à assistir o debate e comentar, entre si, o que estavam achando.
Do outro lado de uma parede com vidro espelhado, Eduarda Mendonça (filha do Duda) captava e transmitia em tempo real as impressões dos 7 aos estúdios da Globo no Rio. Os ajustes eram feitos e o candidato sabia se deveria repetir uma proposta não entendida, ser mais ou menos agressivo, atacar ou defender.

Apesar do clima "sala-de-interrogatório" com espelhos, microfones e câmeras, nada disso é ou foi segredo pra ninguém, também não foi amplamente divulgado. As pessoas ali foram contratadas para fazê-lo, e todos os candidatos usam estas táticas, alguns com salas dessas em mais de um lugar do País, para ter duas impressões distintas.

E o que nos resta fazer? a não ser assistir espantados o quanto um candidato pode mudar de uma eleição pra outra.

Bom, preocupemos-nos com as propostas e se o candidato que a está fazendo apresenta uma maneira "viável" de cumpri-la. De que adianta prometer a bomba atômica se não enriquecemos urânio no Brasil? ou prometer uma "reforma política total" se sabemos que não haverá apoio? não desperdice seu voto, avalie, compare, "pesquise" e decida.

Qual a utilidade deste Post? Divulgar, você tem o direito, e mais ainda, o DEVER de saber que isso acontece, sempre, que aquele sorriso refeito, as plásticas novas, aquela careca brilhando, aquele vídeo em câmera lenta, em que o candidato beija crianças, acena com mãos sujas de "trabalho", bate nas costas do trabalhador uniformizado, foi feito para você, pensando em você, porque você quis que fosse assim.

E em outubro, vamos tentar mais uma vez, fazer a melhor escolha, ou a "menos ruim".

E que Allah não nos abandone!

Fontes:
Revista Piaui - Março de 2010 - na Reportagem "Dentro das Pesquisas" - Por Consuelo Dieguez
Site do IBOPE - Metodologia de Pesquisas.
Site do TSE - Pesquisas Registradas.
Site do TSE - Estatísticas Eleitorais.

Deixe seu comentário, você se sente enganado pela "máquina de propaganda" política?



18 abril, 2010

O Imperador de Roma - Personalidade

"Acredito que Júlio César tenha sido uma pessoa de grande carisma, com uma inteligência acima da média e com coragem para levar adiante seus sonhos mais delirantes. Foi um megalômano em alguns momentos, quando tentou ser coroado Rei diante do povo e em algumas de suas construções e homenagens aos outros e a si."

Para conseguir mostrar um pouco da personalidade de Júlio César vou escrever uma breve introdução histórica/genealógica, depois exemplificar alguns atos e por fim tentar uma conclusão.

É importante salientar que as "melhores" fontes sobre a vida de César, são, em ordem: Plutarco (46 à 126 d.c), Suetônio (69 à 141 d.c) e o próprio Júlio César (100a.c à 44a.c) que deixou apenas relatos de sua vida adulta/militar.

Não se encontram muitas informações sobre César antes dos 16 anos de idade. 

Plutarco e Suetônio escreveram quase em formato de crônica sobre a vida de César, sendo o primeiro melhor escritor que o segundo, porém deixando um relato mais curto.

Contudo, convém saber que César era filho de Caio Júlio César (sim, ele herdou o mesmo nome do pai) e Aurélia Cota, duas famílias de "patrícios".

Os patrícios formavam a aristocracia ou nobreza romana e tinham sua descendência direta ligada aos chefes tribais da região do período "pré-romano" ou aos Deuses da época. Somente patriciados podiam concorrer ao cargo de cônsul, procônsul ou senador (respectivamente os 3 cargos de maior importância), ou seja, dominavam a cena política.

A ascendência de César, por exemplo, segundo a lenda, remetia até Lulus, que era filho do príncipe Troiano Enéias e Neto da Deusa Vênus (ou afrodite).

Apesar de nobre, sua família não era rica, para os padrões de riqueza da época, por isso nem seu Pai nem seu Avô chegaram a ocupar cargos de grande importância na república romana.

Sua tia paterna Júlia casou-se com o General Caio Mário, eleito Cônsul por sete vezes e vencedor de grandes batalhas, que parecia ser uma figura muito popular em Roma. O General Mário provavelmente tenha inspirado em muito, os atos do Jovem César, pois este lhe rendeu diversas homenagens após sua morte em 86a.c.

Em 86 (em seqüência da morte do Pai e de Mário), então com 16 anos, César casa-se e logo após abandona Cossúcia, pouco citada (apenas por Suetônio) na história, em seguida casa-se com Cornélia, filha de Cina, esta sim famosa na história por lhe dar uma filha, Júlia. O pai de Cornélia era um homem poderoso e influente, tendo sido cônsul por 4 vezes em Roma. É provável que esta "aliança" com a família de Cina tenha despertado uma inimizade com o ditador de Roma à época, Cornélio Sila.

Alguns Atos e Fatos acerca de César:

Sila tentou obrigar César a divorciar-se de Cornélia, sem sucesso, declarando-o então inimigo direto, César passou algum tempo fugindo e se escondendo (em Roma mesmo) dos aliados de Sila. Em uma dessas tentativas, foi surpreendido e preso por alguns homens de Sila. Subornou o Capitão e se viu novamente livre. Fugiu então para a Bitínia onde estreou militarmente, com sucesso na campanha.

Suetônio relata que nesta viagem a Bitínia, ao permanecer algum tempo na corte do rei Nicomedes, César teria sido seu amante. Permanência esta, que ainda muitos anos após este fato lhe rendia a alcunha de "Rainha da Bitínia" entre alguns membros do senado, quando queriam lhe diminuir perante outros. Plutarco comenta apenas a passagem de César pela Bitínia.

Após estes fatos, decide ir à Rodes, estudar "eloquência verbal" com Apolônio Molon, mestre, entre outros, de um dos maiores oradores da época, Cícero.

Durante esta viagem, foi sequestrado por Piratas, segue então um fato no mínimo curioso. Os piratas lhe ordenaram que pagasse uma quantia de "20 talentos de ouro" (moeda da época), porém, César lhes disse que não sabiam quem haviam aprisionado e lhes promete "50 talentos", mais que o dobro solicitado.
Sobre sua "estadia" entre corsários, Plutarco descreve o seguinte:

"...depois mandou seus homens uns para cá, outros para lá, para recolher o dinheiro, e ficou sozinho entre os ladroes cilícios, que são os maiores assassinos e os mais sanguinários do mundo, com um de seus amigos e dois escravos somente: e no entretanto ele fazia tão pouco caso que, quando queria dormir, mandava que se calassem. Ficou durante trinta dias com eles, não como prisioneiro, guardado, mas como um príncipe seguido e acompanhado por eles, quase como se fossem seus satélites. Durante esse tempo, ele divertia-se e exercitava-se com eles, sem receio, com toda a tranquilidade; às vezes escrevia versos ou preparava discursos e depois os chamava para ouvi-los recitar; e se por acaso eles davam mostras de não gostar chamava-os a todos de ignorantes e bárbaros, rindo-se, os ameaçava de mandá-los enforcar: com isso muito eles se divertiam, porque tomavam tudo por brincadeira, pensando que aquela sua franqueza de falar tão livremente a eles, procedia de simplicidade e de ingenuidade..."

Após o pagamento do resgate (os 50 talentos prometidos) César foi solto, imediatamente, reuniu alguns navios romanos e foi de encontro aos piratas, que ainda estavam ancorados na mesma ilha, tomou de volta seu dinheiro e mais o dinheiro de outros roubos e sequestros dos piratas e enforcou à todos, como havia prometido.

Foi um excelente orador e advogou em muitas causas, raramente sendo derrotado, fez fama ao ganhar causas praticamente perdidas, sempre com discursos memoráveis.

Outro fato interessante:
Apesar de fazer guerra contra Pompeu quando o senado quis impedir sua volta à Roma das Guerras Gálicas, e após persegui-lo até o Egito, onde ele havia tentado se refugiar depois da derrota na Batalha da Farsalha. Ao chegar ao Egito, César foi "presenteado" com um Jarro que continha a cabeça de Pompeu que havia sido assassinado um ano antes, dizem os relatos que ao ver essa cena, Júlio César chorou a morte daquele que por tantos anos foi seu amigo e que, junto com ele e Crasso, formou o primeiro triunvirato de Roma.

É comum também, em relatos do próprio César, como no De Bello Gallico, que ele reconhecesse o valor de seus oponentes, logo no início do livro ele diz, referindo-se à população da Gália: "...De todos eles são os belgas os mais fortes, por isso mesmo que estão mais longe da cultura e polícia da província romana...". Em outros trechos, refere-se com denotado respeito a seus inimigos de "valor" como o helvécio Divicão, o gaulês Vercingetorix, entre outros.

Como chefe de armas, foi insuperável em seu tempo, venceu batalhas que não deveria ter vencido, fosse por estar em menor número ou desvantagem de terreno, tirava proveito de qualquer deslize da formação e estratégia do inimigo. 
Tinha muito prestígio entre os soldados romanos e mesmo entre os inimigos, muitos o viam como um ser sobrenatural, quase um semi-deus, com o tempo, sua fama em batalhas o precedia antes mesmo de iniciar qualquer combate.

Como político, foi sempre muito bem quisto pelo povo romano, fazia empréstimos sem juros, distribuia comida com frequência, realizou muitos jogos para diversão da massa, chegou até a desviar um braço do Rio Tibre para inundar uma grande área e assim poder realizar uma "batalha naval" programada. Cumpria suas promessas aos soldados e muitos enriqueceram lutando ao seu lado, distribuiu terras em suas novas conquistas para os romanos mais pobres, para que pudessem recomeçar a vida.

Dito tudo isso, preocupei-me em linkar várias palavras do texto, para quem quiser saber mais. São muitos textos a respeito das batalhas e pessoas citadas. Como observou Conn Iggulden em seu terceiro livro: "César  era  um  homem  mais  ocupado  do  que qualquer  escritor  pode  esperar  abordar,  e  até mesmo  uma  versão  condensada preenche estes livros até quase explodir."

Acredito que Júlio César tenha sido uma pessoa de grande carisma, com uma inteligência acima da média e com coragem para levar adiante seus sonhos mais delirantes. Foi um megalômano em alguns momentos, quando tentou ser coroado Rei diante do povo e em algumas de suas construções e homenagens aos outros e a si. Um excelente general, que marchava ao lado dos soldados, e se expunha ao risco tanto quanto qualquer um. Respeitava a diversidade de culturas, usou inclusive as observações astronômicas egípcias para criar o calendário romano. Conheceu muitos povos e assimilou alguns costumes. Cuidou como ninguém da política externa de Roma, ampliou o território romano como nunca antes se havia observado.

E deixou relatos excelentes, que nos permitem recriar essa época da história, tão cheia de batalhas e tão importante em toda a história que viria a seguir.

De algumas destas batalhas que tentarei tratar no terceiro Post sobre Júlio César, O Imperador de Roma.

Desculpem a demora em publicar este, e já antecipo as desculpas pela provável demora dos próximos Posts.

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