21 abril, 2010

Pesquisas Eleitorais - Como Funcionam?



"Agora você sabe que Pesquisador do IBOPE é igual ao dinheiro do Paulo Maluf, todos sabem que existe, mas ninguém nunca viu."



Você já deve ter se perguntado, porque eu nunca fui entrevistado? porque eu não conheço nenhum entrevistado? porque ninguém que eu conheço, conhece alguém que foi entrevistado?

A resposta é simples:
AMOSTRAGEM

Mas vou além neste post, não vou apenas demonstrar que estatisticamente você tem tanta chance de ser entrevistado quanto o Rubens Barrichello de ganhar o campeonato ou o Ronaldo de perder 10kg, mas tentar entender como funcionam e como são utilizadas essas pesquisas. E como lembrou o Anônimo (eu sei que é tu Zé) no comentário do Post anterior - 2010 é ano eleitoral dos mais importantes -, vou focar nas pesquisas eleitorais, mas boa parte serve para qualquer tipo de pesquisa, de audiência na TV até produtos comerciais.

Falando em "tipo de pesquisa", existem dois tipos básicos de pesquisa: as QUALITATIVAS e as QUANTITATIVAS, o nome ajuda um pouco a esclarecer, "qualidade" e "quantidade" respectivamente.

Definindo e Resumindo
Uma pesquisa qualitativa busca informações subjetivas, como em um bate-papo, tenta avaliar as intenções, crenças, motivações e atitudes de um indivíduo ou grupo. Mas isso sem fornecer dados que possam influenciar na resposta. Um exemplo. Se o pesquisador pergunta:

- Em quem você pretende votar nas eleições 2010?
e você responde:

Subentende-se que você está insatisfeito com a política do país ou não conhece nenhum candidato "padrão".

Diferente das pesquisa quantitativas, em que as perguntas são feitas dentro de um questionário fixo, com as opções de resposta.
Em uma pesquisa quantitativa, nossa pergunta fica assim:

- Se as eleições fossem hoje, e os candidatos fossem estes, em quem você votaria?
você responde:

Pronto, uma resposta consciente e explícita que expressa diretamente seu "desejo de voto".

Geralmente, utilizam-se qualitativas quando o objetivo é coletar dados para a criação ou modificação de um projeto ou estratégia de marketing. Enquanto as quantitativas são usadas em geral para geração de um "ranking" de classificação entre as opções oferecidas.

Uma curiosidade interessante:
Em suas pesquisas eleitorais, o grupo IBOPE utiliza um "disco de opções", os candidatos estão distibuídos em um círculo de papel, que é entregue ao entrevistado. Segundo eles, se fosse apresentado em uma lista comum, isso implicaria em uma ordem de candidatos, mesmo que alfabética, podendo influenciar as respostas.

A AMOSTRAGEM
Institutos como o IBOPE, o DATAFOLHA e o VOX POPULI, para citar os mais famosos, costumam entrevistar pouco mais de 1000 pessoas a cada solicitação de pesquisa.
Em um país com aproximadamente 125 milhões de eleitores aptos (segundo estatísticas do TSE em 2006 - aqui), são entrevistados menos de 0,00085% da população em idade eleitoral, menos que um milésimo de um por cento.

Agora você sabe que Pesquisador do IBOPE é igual ao dinheiro do Paulo Maluf, todos sabem que existe, mas ninguém nunca viu.

Além do número de entrevistados, também são escolhidos o tipo de entrevistados. 

Por exemplo: se em uma cidade, o censo declarou que há 8 mulheres para cada 5 homens, a pesquisa abordará mais mulherese, na mesma proporção. Se em outro município, a classe predominante é a C, mais pessoas dessas classes serão entrevistadas, em detrimento de outras. E assim com outros dados, como faixa etária, escolaridade, distribuição geográfica e etc. Assim, baseados nos dados do último censo do IBGE, as empresas de pesquisa de opinião avaliam qual a melhor forma de representar na amostra, a opinião de uma cidade ou estado.

Mas isso nem sempre foi assim, a história das pesquisas começa em um jornal na Pensilvânia/EUA, em 1824, com uma pequena pesquisa local para a eleição presidencial do ano. Em 1916 a empresa The Literary Digest, uma revista americana, fez uma pesquisa mais ousada, porém pouco criteriosa. Junto com a revista, era enviado uma espécie de "cartão-postal" onde os assinantes da revista escolhiam o candidato de sua preferência e devolviam ao Digest. Funcionou bem durante 4 eleições, mas em 1936 o método mostrou sua falha, em uma pesquisa com 2,3 milhões de assinantes, a revista errou feio no resultado da Eleição. Colocou Alf Landon como o candidato mais popular, muito a frente de Franklin D. Roosevelt.

No mesmo ano, George Gallup realizou uma pesquisa que pretendia exemplificar seu método diferente de aferir opiniões, e com apenas 5 mil pesquisas, mas de acordo com a "amostra geral" americana, previu a vitória esmagadora de Roosevelt que veio a acontecer.

A Literary Digest saiu do ramo das pesquisas e a Gallup é, ainda hoje, uma das maiores do ramo no mundo inteiro.

NO BRASIL
Por aqui, as pesquisas tem grande valor para as empresas e partidos políticos que sabem como utilizá-las, ou que contratam quem saiba. Marcos Coimbra e Duda Mendonça são dos que sabem. Em 1988 Coimbra foi procurado por Fernando Collor, que queria saber quais suas chances de ser Presidente da República. Ele fez um questionário com 100 temas e perguntas e o aplicou em grupos distintos. O que ele descobriu, ajudou a montar a "imagem pública" de Collor que o elegeria nas famosas diretas já.

Foi também com pesquisas como essa (em grupos, as qualitativas) que Paulo Maluf escolheu seu sucessor na prefeitura de São Paulo, Celso Pitta em 1996. Mas o "nome do santo" que operou esse milagre é outro, Duda Mendonça, marqueteiro das campanhas de Maluf.

Marcos Coimbra trabalhou na campanha do outro Fernando também, o FHC, em 1994, e desenvolveu um trabalho muito parecido com o do primeiro Fernando, perguntou ao povo o que ele queria, e o povo respondeu, um candidato foi "montado" à gosto e aceito em outubro.

Advinha quem trabalhou na campanha do Petista Luis Inácio em 2002? Duda Mendonça. Foi dele (através das pesquisas) a idéia de amansar nosso Companheiro Sindicalista Bravo e transformá-lo no "Lulinha Paz-e-Amor" que no início assustou, mas depois agradou e também se elegeu, duas vezes.

Essa dupla, Coimbra & Mendonça, daria até uma HQ ou Novela da Televisa, vem elegendo presidentes há duas décadas. Mas não se pode culpá-los, eles são, no mínimo, competentes naquilo que fazem. Não dizem que o cliente sempre tem razão? Pois então, eles tratam de entregar aquilo que o povo deseja. 

Nei Lisboa tem uma frase em uma canção - "Cada povo tem o novo que mereçe".

Se você assistiu no dia 3 de outubro de 2002 ao debate dos candidatos na Rede Globo, viu mais uma obra da "genialidade" de Duda Mendonça. Assim que iniciaram o programa no Rio de Janeiro, 7 "convidados" reuniram-se em uma sala em São Paulo para assistir ao debate, tudo bem, deve ser um grupo de amigos, certo? não, eles não se conheciam previamente e só foram orientados à assistir o debate e comentar, entre si, o que estavam achando.
Do outro lado de uma parede com vidro espelhado, Eduarda Mendonça (filha do Duda) captava e transmitia em tempo real as impressões dos 7 aos estúdios da Globo no Rio. Os ajustes eram feitos e o candidato sabia se deveria repetir uma proposta não entendida, ser mais ou menos agressivo, atacar ou defender.

Apesar do clima "sala-de-interrogatório" com espelhos, microfones e câmeras, nada disso é ou foi segredo pra ninguém, também não foi amplamente divulgado. As pessoas ali foram contratadas para fazê-lo, e todos os candidatos usam estas táticas, alguns com salas dessas em mais de um lugar do País, para ter duas impressões distintas.

E o que nos resta fazer? a não ser assistir espantados o quanto um candidato pode mudar de uma eleição pra outra.

Bom, preocupemos-nos com as propostas e se o candidato que a está fazendo apresenta uma maneira "viável" de cumpri-la. De que adianta prometer a bomba atômica se não enriquecemos urânio no Brasil? ou prometer uma "reforma política total" se sabemos que não haverá apoio? não desperdice seu voto, avalie, compare, "pesquise" e decida.

Qual a utilidade deste Post? Divulgar, você tem o direito, e mais ainda, o DEVER de saber que isso acontece, sempre, que aquele sorriso refeito, as plásticas novas, aquela careca brilhando, aquele vídeo em câmera lenta, em que o candidato beija crianças, acena com mãos sujas de "trabalho", bate nas costas do trabalhador uniformizado, foi feito para você, pensando em você, porque você quis que fosse assim.

E em outubro, vamos tentar mais uma vez, fazer a melhor escolha, ou a "menos ruim".

E que Allah não nos abandone!

Fontes:
Revista Piaui - Março de 2010 - na Reportagem "Dentro das Pesquisas" - Por Consuelo Dieguez
Site do IBOPE - Metodologia de Pesquisas.
Site do TSE - Pesquisas Registradas.
Site do TSE - Estatísticas Eleitorais.

Deixe seu comentário, você se sente enganado pela "máquina de propaganda" política?



Um comentário:

Anônimo disse...

Meu amigo guilherme passei para conhecer seu blog ele é espetacular, show, not°10 desejo muioto sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
Um grande abraço e tudo de bom
Ass:Rodrigo Rocha

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