18 janeiro, 2010

Personalidade e Filhos - Parte II - A Influência dos Amigos

"E claro, se nada disso funcionar, sempre tem a "saída de Abraão": suba o monte Moriá, com um cutelo afiado e seu filho, amarre-o, espere um ou dois trovões e diga que está ouvindo a voz de deus e que este lhe manda imolar o pentelho e oferecê-lo em holocausto."


No post anterior falei um pouco sobre a influência da família na educação e formação dos filhos.

Agora, lembrando os avós, quem nunca ouviu essa frase:

- Olha as más companhias do Zézinho.

Será que era só "coisa de vó" ou tinha algum fundamento?

Segundo estudos recentes, tinha e tem muito a ver com a nossa personalidade sim, novamente, vale a frase "cada caso é um caso".

A psicóloga americana Judith Rich Harris fez várias observações interessantes no livro que publicou em 1998 - Diga-me com quem anda.. - nesse livro ela afirma que a personalidade adulta é definida a partir das relações que a criança tem com os amigos da escola e vizinhança entre os 6 e os 16 anos de idade.

E ela tem bons argumentos.
O primeiro argumento deriva diretamente da evolução das espécies e diz que os humanos que mais deixavam descendentes foram os que se acostumaram a conviver em bando e que tinham boas posições nesse bando. Resumindo, eram os mais amigáveis ou de maior utilidade entre todos.

"Para ela, é assim que o gordinho da turma vira o gordinho engraçado: ele usa o humor para conquistar atenção. Assim se explicaria também a garota mais bonita da sala que não se preocupa em desenvolver a inteligência a beleza já a destaca. 
O principal exemplo usado pela psicóloga são os filhos de imigrantes. Apesar da língua, da religião e dos costumes que os pais tentam transmitir, a criança os ignora facilmente quando começa a ter contato com amigos do novo país. Aprende o idioma de uma hora para outra e, em poucos anos, se parece muito mais com os amigos que com os pais."

E tem como escolher as companhias dos filhos?

Nesse ponto que parece estar a dificuldade, os pais bem que tentam, mas não é fácil definir as relações que seu filho vai ter longe do seu alcance.

Sou obrigado a me repetir em relação ao outro post. Diálogo, diálogo e diálogo. A unica chance que um pai tem é essa, ter um canal aberto com os filhos, mas aberto mesmo, o filho tem que se sentir à vontade de falar sobre qualquer assunto com os pais.

A maioria de nós hoje não consegue vencer a adolescência sem ter pelo menos um amigo viciado, um homossexual, um encrenqueiro, um religioso, um ateu, um promíscuo...etc. 

Então o segredo é, formar crianças conscientes, ou que pelo menos saibam quando pedir socorro aos pais.
Tu não vai estar lá 24 horas, vai ter que confiar que ele vai tomar as decisões certas, baseado naquilo que tu tentou ensinar direta ou indiretamente.

E claro, se nada disso funcionar, sempre tem a "saída de Abraão": suba o monte Moriá, com um cutelo afiado e seu filho, amarre-o, espere um ou dois trovões e diga que está ouvindo a voz de deus e que este lhe manda imolar o pentelho e oferecê-lo em holocausto.

O importante é ter opções.

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